sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reflexões sobre a busca pagã

Reflexões sobre a busca pagã


Observar o que acontece no paganismo, onde às vezes acontece de alguns usarem do pouco que sabem para tirar algum proveito e explorar aqueles que buscam de coração sincero por um caminho ou filosofia que possa melhor lhes satisfazer, leva a indagar os porquês de tantos desencontros e desencantos.

Algumas pessoas questionam, outras querem dar respostas, poucas, no entanto são capazes de perceber as particularidades e individualidades de cada questão formulada. Num cenário onde o sonho de uns pode ser o pesadelo de outros, aqueles que se aventuram em busca do conhecimento tem que estar estruturados o suficiente para passar pelas agruras do caminho e ficar mais motivados sentindo-se melhor a cada dia que passa e prosseguir sempre que perceber que ainda falta muito caminho a trilhar.

O que se percebe no paganismo é uma infinidade de informações e pessoas naufragando num mar de palavras, onde poucos têm habilidade para nadar em direção de uma ilha onde poderão descansar, ou de um porto seguro de onde prosseguir sua caminhada com passos firmes e o sustento de um solo forte sob seus pés.

Isso acontece, muitas vezes, porque quando curioso questiona o que faz de sua vida, a primeira impressão que tem é que vive um grande engano, logo culpa a família, a religião e a sociedade pelas suas inquietações, entretanto alguns percebem que o tempo da infância passou e que agora é preciso assumir as rédeas em sua estrada, domar seus cavalos selvagens e guiar-se em um caminho mais consistente, então quando a força de sua dúvida é maior do que a fé em sua antiga crença, ele se lança em busca de novas respostas.

Porém como está habituado a receber tudo explicadinho dos outros, ele continua procurando alguém que lhe dê as novas respostas e é nessa hora que pode se tornar vítima das correntezas que levam em seu fluxo aqueles que não prestam atenção no fato de que, tudo o que já escutou antes é o mesmo que está ouvindo agora em nova forma e com outras palavras, elaboradas para manter o engodo e favorecer uns em detrimento de outros.

Muitos se perdem pelo caminho, isso acontece quando param de refletir e crêem já ter encontrado aquilo que buscavam, todavia a luz que ilumina é a mesma que cega e alguns imaginando já ter chegado ao final da estrada, olhando para trás e enxergando tantos outros em passos trôpegos como já foram os seus próprios, tornam-se tão enganados quanto enganadores, deixam de ser um caminhante para se tornar uma barreira no meio da estrada, um obstáculo a ser vencido pelo verdadeiro caminhante.

Nesse momento o questionador escuta, depois pensa sobre o que está ouvindo e quando tem argúcia compreende que ainda continua estacionário e que não está se dirigindo a rumo algum, contudo quando a força de sua coragem é maior do que seu desânimo perante o primeiro obstáculo, ele continua buscando a despeito dos tropeços naturais nos primeiro passos em qualquer caminho desconhecido.

Superado um dos primeiros grandes obstáculos, que é o de depositar sua esperança em outrem, o caminhante percebe que seu caminho pessoal é também individual e é dele mesmo, bem como o único reservatório de forças para Si é em Si mesmo que encontrará. Assim já pode começar sua busca com segurança de estar verdadeiramente indo em alguma direção.

A atenção e cuidado com o caminhar, a partir desse momento em diante, evitará muitas quedas e trará grande experiência, o Peregrino deixará de olhar para o horizonte distante na trilha onde segue como se aquele ponto fosse a meta final, porque sabe que a cada passo que dá, o horizonte também se movimenta para mais longe e então aprenderá a contemplar as margens do caminho, as peculiaridades da estrada, subidas e descidas, descansos e encontros.

Enquanto prossegue percebe que cada caminho é diferente e desde o momento em que se decidiu e dedicou por este caminho, aquele outro que era uma opção antes de iniciar seu trajeto, ficou para trás, em outra parte, em outras montanhas e em outros vales. Não está sob seus pés. Mas por não ter passado o tempo todo olhando para o inicio de diversas estradas tentando enxergar o mais longe possível em cada uma delas, e sim por ter iniciado um trajeto e seguido nele, então poderá falar com segurança sobre um caminho que terá trilhado e se tornado parte dele.

Refletindo sobre os lugares onde passou, o caminhante percebe que o propósito que move as pessoas em busca de respostas para suas indagações, as leva primeiro a revolta contra sua situação, depois a busca de uma situação nova, nessa busca muitas vezes elas não passam dos primeiros passos, algumas das que não prosseguem se arvoram em sábios e acabam sendo charlatães, outras desistem, outras pegam atalhos que conduzem de um caminho a outro e terminam por não conhecer nenhum, outras mais continuam tentando buscar um horizonte que não percebem ser inatingível e na ilusão da chegada a uma sólida meta definida, perdem a fluidez que deveriam ganhar na caminhada e que poderia transporta-las até limites incomensuráveis, ou até onde não há mais limites.

Sabendo que tudo o que passar, tudo o que fizer, tudo o que viver, valerá para si e só poderá ser compartilhado de um modo que estimule a caminhada dos interessados na peregrinação e ciente de que, tudo o que contar e tudo que disser provavelmente será esquecido pelos outros, mas a maneira como tratar aos demais e a forma como vivenciar os momentos de comunhão, ficará para sempre na memória dos companheiros de jornada, o Buscador prossegue.


Atlante Lemuriano

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